O Ritual de Emulação

Durante muitos anos antes da união das duas Grandes Lojas rivais, a dos Modernos (de 1717) e a dos Antigos (de 1751), muitos esforços de bastidores foram empreendidos para padronizar as formas ritualísticas, ou seja, aquilo que entendemos hoje por rituais.

Em 1794, dois Grão-Mestres John 4º, duque de Athol, Grão-Mestre dos “Antigos” e George, Príncipe de Gales, Grão-Mestre dos “Modernos” solicitam ao Príncipe Edward, mais tarde duque de Kent, Grão-Mestre dos “Antigos” em 1813, que arbitrasse o trabalho de unificação.

Em 1809, a primeira Grande Loja (dos Modernos) tomou a iniciativa neste sentido, promovendo a fundação da Loja da “Promulgação” com o objetivo de estudar os Landmarques e as práticas para recomendar as mudanças que deveriam ser feitas no sentido de trazer os rituais a uma forma única aceitável para ambos, visando de antemão a preparação para a união das Grandes Lojas rivais. Um corpo similar foi fundado pelos (Antigos).

Em 7 de dezembro de 1813 é criada uma loja mista – Lodge of Reconciliation [Loja da Reconciliação] para harmonizar os rituais. O trabalho foi efetuado oralmente, respeitando a proibição de nada escrever a respeito do “segredo maçônico”. Nenhuma ata foi redigida, assim como foi proibido até tomar notas.

A Loja da “Reconciliação” passou a apresentar, na prática o novo ritual harmonizado para as Lojas de Londres e arredores. Essas apresentações prosseguiram durante três anos ininterruptos. Com esta providência a forma ritualística do novo ritual foi praticamente padronizada em toda a Inglaterra.

Em junho de 1816, as formas dos rituais para uso na nova Grande Loja foram demonstradas pela Lodge of Reconciliation.

Assim, em 1816, surge oficialmente um novo ritual “aprovado e confirmado” pela Grande Loja Unida da Inglaterra, resultado de um longo trabalho iniciado em 1794, coroado pelo Act of Union de 27 de dezembro de 1813 e finalmente concluído em junho de 1816.

Em 2 de outubro de 1823 os membros da “Burlington Lodge”, fundada em 1810 e “Perseverance Lodge”, fundada em 1817, se reúnem pela primeira vez na “Emulation Lodge of Improvement for Master Masons” (Loja Emulação de Aperfeiçoamento para Mestres Maçons), com a finalidade de prover instruções para aqueles que desejassem se preparar para cargos de lojas e à sucessão no Trono.

A loja de instrução “Stability”, a qual incluía vários dos membros da Loja de Reconciliação entre seus líderes, iniciou seus trabalhos em 1817, mas a “Emulation Lodge of Improvement” (E.L.o.I.) só foi fundada em outubro de 1823.

A E.L.o.I. pode, no entanto conceder-se indiretamente uma conexão com a Loja de Reconciliação quase tão próxima quanto a da loja Stability porque vários dos fundadores da E.L.o.I. tinham sido membros das Lojas de Instrução Burlington e da Perseverance. Burlington tinha iniciado seus trabalhos em 1810 (sob a Grande Loja Premier, ou “Modernos”) e a Perseverance havia iniciado em 1818. Houve um substancial grau de participação em comum, assim como uma certa quantidade de entradas e saídas de IIr entre as duas, de forma que apesar da Burlington ter funcionado por dois períodos relativamente curtos, o resultado final foi uma linha de sucessão praticamente ininterrupta, do tempo em que a Loja de Reconciliação definiu e demonstrou o ritual nos três graus até a fundação da E.L.o.I.

Há dois pontos a respeito do trabalho de Emulação que parecem colocar ele em destaque em relação às outras formas de trabalho:

  • Como loja de Instrução, ele existe desde 1823 até hoje, sendo demonstrado ininterruptamente desde então.
  • É hoje em dia o mais organizado de todos os chamados ‘rituais’, dispondo desde a sua origem de uma entidade de maçons apenas para ‘proteger’ a sua exatidão e a sua história, e nesse aspecto ele está muito mais maduro do que qualquer outro ‘ritual’.

O livro ‘Emulation – A Ritual do Remember’ do Ir. C.F.W. Dyer, é considerado a história padrão da ‘Emulation Lodge of Improvement’. Neste livro, conta-se que os fundadores dessa Loja de Instrução encontraram dificuldades na sua formação, porque esse tipo de corpo maçônico precisa ser patrocinado por uma Loja regular. E como os fundadores resolveram que ela deveria ser “para mestres maçônicos apenas” (como ainda é até hoje), várias Lojas que foram convidadas para serem patrocinadoras não aceitaram essa restrição. Eventualmente em 1823 a “Lodge of Hope” nº 7 aceitou ser a patrocinadora, pois seu VM era também um dos fundadores da E.L.o.I.

Não existe nenhum remanescente do ritual originalmente aprovado como “Lodge of Reconciliation Ritual” que foi aprovado pela UGLE pouco depois da sua unificação. Mas o Emulação é provavelmente tão próximo daquela formula quanto as outras formas que sobreviveram aquele período. Sua principal virtude é ter tido uma continuidade e um controle desde a sua fundação.

Entre os mais antigos e conhecidos pode-se mencionar além do Emulation, o Stability, Bristol, Oxford, Humber, Taylor’s, Logic, Universal e West End. Como até poucos anos atrás era proibido a impressão dos rituais, e as dificuldades de locomoção tornavam mais difíceis a visitação regular à Lojas de Instrução, vocês podem imaginar que na verdade existem inúmeras outras formas de ritual.

Durante mais de um século de existência, o Comitteé da E.L.o.I. desautorizou qualquer versão impressa do ritual por ela mantida. A tradição era mantida apenas pela exatidão e memória dos Ir que faziam as sessões de instrução da E.L.o.I. Mas como os tempos mudaram, e os motivos que antes existiam deixaram de ter importância, em 1969 surgiu o primeiro ritual impresso autorizado pelo ‘Comittee of The Emulation Lodge of Improvement”. As preleções, no entanto, só apareceram na sua forma impressa em 1975.

Quando começou a trabalhar, a E.L.o.I ensinou o ritual definido pela Loja de Reconciliação por meio de preleções, e não iniciou a demonstrar regularmente as cerimônias até algum tempo depois em 1830.

Ao mesmo tempo que seria presunçoso afirmar que a Emulation tem preservado inalterada cada palavra do ritual de 1816, sucessivos membros do comitê tem garantido que tanto quanto possível, nenhuma mudança tenha sido introduzida inadvertidamente. O comitê tem realmente sustentado por todos esses anos a posição de que não detém nenhuma autoridade para alterar o ritual que foi definido pela Grande Loja em 1816, e tem portanto introduzido alterações exclusivamente sob resoluções da Grande Loja. Tanto a Grande Loja quanto a sua Comissão de Propósitos Gerais (Boad of General Purposes) tem sido notavelmente relutantes em se pronunciar sobre detalhes do ritual Maçônico, tendo com resultado que alterações significantes apenas foram formalmente autorizadas apenas no caso envolvendo as penalidades.

Em 1964, o Grande Mestre Regional de Norfolk, Bispo Herbert, propôs uma resolução na Grande Loja autorizando o uso da frase “Sempre tendo em mente a penalidade tradicional na violação de quaisquer deles, consistindo em ter…” (“ever bearing in mind the traditional penalty on the violation of any of them, that of having the…”) o que deixa claro que as penalidades no Juramento eram apenas figurativas. As então chamadas “variações permissivas”, as quais foram demonstradas na Emulação em cada segunda sexta-feira de cada mês desde 1965.

A Loja “Emulation Lodge of Improvement” (E.L.o.I.) se encontra no Freemason Hall, na rua Great Queen Street em Londres, todas as sextas-feiras de outubro a junho, exceto nos feriados. Os encontros começam as 18:15, exceto no festival anual em fevereiro e no festival dos preceptores em junho, únicas reuniões em que ocorrem também banquetes para todos os irmãos.

Seria inútil fingir que a Emulação é hoje algo parecido com a força que era a 50 anos ou mais. O falecido Ir. Colin Dyer opinou ainda em 1973 de que o uso de livros detalhados parecia ter tomado temporariamente o lugar da camaradagem da Loja de Instrução, mas que esperava que os números decrescentes de irmãos pudessem mostrar-se como uma fase transitória.

A afirmação agora parece ter sido exageradamente otimista. As Lojas de Instrução geralmente estão em um sério declínio, e o ritual de Emulação com eles. Isto é o resultado de pressões sociais que nos últimos anos tem dificultado a freqüência nos encontros semanais, e não há sinal dessas pressões estarem diminuindo. Mesmo assim, a Emulação continua a ensinar e manter os padrões mais altos dos rituais maçônicos, e apesar de que os maçons livres estão francamente diminuindo em número, a qualidade de seus trabalhos continuam tão bons como nos tempos antigos. Nas palavras do Ir. Redman “Enquanto houver demanda, a Loja de Emulação vai continuar a atendê-la.”